sexta-feira, 11 de abril de 2014

Duvidas? Cap-10


A semana se passou e o Bruno realmente não voltou, ao menos não na minha casa, me chamar, falar comigo, mas na casa da Leo ele foi todos os dias, como eu sei? Todas as manhãs eu estava na janela, e o via, sempre com a esperança de que viesse falar comigo. Ficava me perguntando o porquê ele simplesmente se afastou de mim, e pensar nele assim estava ficando dolorido demais.

 No dia marcado o Tony voltou para casa, exatamente uma semana depois da sua viagem, eu pensei que ele voltaria mudado, sei lá, depois de um descanso ele provavelmente voltaria um pouco melhor, mas infelizmente não foi bem assim que as coisas aconteceram.

-Oi Tony!<o recepcionei com carinho>

-Não tem nada de bom!... Você acha que voltar para esta casa, e olhar para esta sua cara de acabada, e bom?

-Como foi de viagem?<ignorei o seu comentário>

-Acredite a pior parte foi voltar para casa!<me encarou>... Vai buscar as minhas malas!

Seguiu para o quarto deixando as suas malas no carro que estava estacionado na frente da casa, peguei as suas chaves e segui até ele, o desarmei e abri a parte de trás. Estava terminando de retirar a segunda mala quando ouvi um carro estacionando bem na frente do nosso carro, olhei para o lado e era o do Bruno, senti o meu coração ir à boca, só não sei se de medo, ou de... Saudades. Saudades dos seus olhos, e da atenção na qual ele me tratou, e medo do Tony acabar nos vendo se caso por ventura ele viesse falar comigo. Mesmo um pouco distante dele, senti o seu perfume vir até mim, fechei os olhos e o inalei calmante, sentindo uma paz estranha invadir o meu peito.

-Oi!

-Oi!<disse rapidamente pelo susto>

-Parece que vieram te destrancar!<sorriu, socorro como ele e lindo, mas eu não posso ficar de papo com ele, o Tony está em casa>

-Sim!<continuei a retirar a mala do carro>

-Deixa que eu te ajudo!<veio ate mim>

-NÃO!... Não precisa!<sorri nervosamente>

-Tudo bem!<disse meio assustando provavelmente pela minha reação>

-E que o meu marido voltou de viagem! <terminei de tirar a mala>... E ele e bem ciumento!

-Até eu seria!<sorriu>

-Como?<fechei o porta malas, e será que eu ouvi bem?>

-Se eu tivesse uma mulher tão linda como você, também teria ciúmes!<fiquei estática por alguns segundos, eu não acreditei no que ouvi>

-Desculpa, eu preciso entrar!<ignorei o seu comentário, ou ele bateu tão forte no meu peito que não consegui associá-lo>

                    

-Tudo bem!<me deu passagem>

Dei alguns passos carregando as malas, mas não me contive a minha curiosidade, e tive que perguntar.


-Bruno!

-Oi!<me encarou>

-Por que você não voltou mais?

-E uma longa historia!<me olhou com uma expressão confusa>... Desculpa, de verdade!


-Ta!... Tudo bem!

Dei as costas e entrei o mais rápido que pude, não queria nem imaginar se o Tony tivesse me visto conversando com o Bruno. Com certa dificuldade consegui colocar as malas na sala, senti as minhas pernas tremerem, e por um segundo parecia que iria enfartar de tão rápido que o meu coração estava batendo. 



Olhei o meu reflexo no vidro da janela, e nele vi algo que eu nem sabia que tinha mais, um sorriso, eu estava sorrindo, depois de anos, eu vi um sorriso nos meus lábios. “Se eu tivesse uma mulher tão linda como você, também teria ciúmes!” Acho que esta frase jamais sairia do meu coração, e o seu sorriso dos meus pensamentos.

-GABRIELLA!<o ouvi berrando do segundo andar>

-JÁ VOU!<respondi no mesmo tom>... Será que ele me viu?... A meu Deus não pode ser!

Subi as escadas com certa dificuldade, devido ao peso das malas. Assim que cheguei ao quarto ele estava no closet com uma toalha enrolada na cintura, com algumas gotas de água escorrendo pelo seu corpo definido. Acho que já disse isso, mas eu gosto de lembrar assim, saber que o Tony e um homem lindo, e era um marido incrível nos primeiros anos de união, e por que não amor. Sim, nos amávamos, ao menos eu o amava muito mais do que hoje, eu permaneço amando o meu marido, por que este e o meu papel como esposa, mas tenho que admitir que o meu amor por ele vem morrendo um pouco por dia,e eu não sei se tenho medo ou não dele acabar de vez.

-Não fica me olhando com esta cara de peixe morto!... Cadê a minha calça de moletom preta com listras laterais?                                                  

-Eu coloquei para lavar...

-Porra você teve a semana toda pra isso...

 Ele nem me deixou completar a frase, e já veio com um milhão de pedras nas mãos, eu ia dizer que a maquina não bateu a roupa direito, e eu tive que colocar para lavar normalmente. Enfim, o Tony estava de volta, e estava reclamando de absolutamente tudo, reclamou de como as suas roupas estavam no armário, de qual seria o jantar, até de algum possível resquício de poeira pela casa ele reclamou nos últimos dias. Eu fiz de tudo por ele, sempre fiz de tudo, e no final das contas a única coisa que recebi foram tapas não só em minha face, mas como na minha auto-estima. Levei e levo tapas dele e da vida, e até de mim mesma por estar aceitando esta situação, eu estava virando uma mulher amarga, sem amor a minha própria vida.


Lembro-me da mãe de uma amiga minha na época de escola, a Deyse, que disse a ela, e consecutivamente a mim, quando ela terminou com um namoradinho, que “Acima de qualquer coisa nós temos que nos amar primeiramente, cuidar do nosso coração, da nossa cabeça, estar de bem conosco, e acima de tudo, se sentir feliz”.

Feliz, bom sem duvidas este não e o sentimento que tenho agora, na realidade não chega nem perto. Tem dias que penso em fazer uma loucura, aumentar o tom com ele, xingá-lo, revidar as suas ofensas, ou simplesmente ir embora desta casa enquanto ele tivesse dormindo, mas para onde iria?

Isso martela na minha cabeça, antes de qualquer coisa eu preciso perder este medo, preciso parar de temer, e tentar ser feliz acima de qualquer coisa. 

Sabe quando eu resolvi isso? Agora depois da ultima surra que acabei de levar por não ter passado a sua camisa, mas eu tinha que lavar a louça, colocar roupas na máquina para lavar, e ainda fazer o jantar, eu sou uma só, já se faziam mais de duas semanas que ele tinha voltado da viagem, e todos os dias eram desculpas diferentes para brigarmos.

Flashback on

-POR QUE NÃO COLOCOU A PORRA DA ROUPA PARA LAVAR MAIS CEDO?

-Por que estava fazendo faxina na casa...

-VOCÊ SEMPRE TEM A MERDA DE UMA DESCULPA PARA ME DAR!<senti um tapa forte no 
meu braço, me fazendo apoiar no fogão e queimar três dos meus dedos>

-DROGA!<disse alto devido à dor que senti>

-O QUE VOCÊ FALOU SUA DESGRAÇADA?<ele estalou a sua mão em meu rosto>

-Não foi com você, eu queimei os meus dedos!


-SUA MENTIROSA!... EU SEI QUE VOCÊ ME EXCOMUNGA, SUA DESGRAÇADA!<dizia enquanto me batia na cozinha>... MALDITA FOI À HORA EM QUE ME CASEI COM VOCÊ!... SABE QUAL É A MINHA VONTADE?...  TE EXPULSAR DE CASA, TE LARGAR NA RUA E VER VOCÊ DEFINHANDO...

-Não, por favor!<supliquei mediante as suas palavras>

-Sabe o que você é?<segurou no meu queixo com força>

-Não!

-Uma infeliz, eu tenho nojo de você!<se levantou e seguiu até a porta da cozinha>            

-Por que você não me manda de volta para o Brasil?

-Você quer voltar para o Brasil?<me encarou irônico e sorriu>

-Quero!<disse quase inaudível>

-Repete vagabunda, eu não ouvi!<se aproximou rapidamente>

-QUEROOO!                 

Flashback of

A última coisa que me lembro foi de um soco que levei no rosto, e agora estou aqui no banheiro que e o meu melhor amigo, se o box falasse acho que choraria comigo todas as noites.

A única coisa que doía mais do que os meus machucados, era a minha alma, os meus sentimentos, o meu coração. Ele poderia ser forte às vezes, mas quando estava só, sozinha tendo apenas os maus pensamentos, e sentimentos, ele se tornava fraco, um verdadeiro fracote partido ao meio. Às vezes dói tanto que não sei como consigo conviver assim, não sei da onde tiro estomago para enfrentar cada dia da minha vida.


Enquanto a água morna escorria pelos meus ombros, levando um pouco da tensão do meu corpo, fazendo com que os meus ferimentos ardessem, acho que eles doem menos do que o meu coração. Pensei em tudo o que passei até aqui, em todas as surras, ameaças, a humilhação de não poder sair sozinha, de não poder me cuidar, de não poder ver ou se quer falar com a minha família.

Pensei no Tony e no quanto ele mudou de uma hora para outra, em quanto não amávamos à alguns anos atrás, e o quanto eu o amo, ou acho que amo, talvez eu seja dependente dele. A idade esta batendo em minha porta, e eu sinto que posso não chegar a ver a minha felicidade. Analisei a minha vida e vi como eu mudei, e de quanto eu posso mudar daqui pra frente quanto a esta magoa, e este sentimento ruim que estou sentindo perante ele. Foi impossível deixar de pensar nele, Bruno, um homem lindo, de olhos amendoados, que me tratou com carinho em meio a toda a ignorância que recebo ultimamente, me senti... Segura com ele.

Terminei o meu banho em meio a pensamentos, somente pensamentos confusos, e com algumas decisões na cabeça. Decidida de que tentaria fazer de tudo por mim, prometi para mim mesma de que faria de tudo para resolver esta situação, a única coisa que eu queria era parar de ser agredida.

++++++

Acordei no meio da noite com um pensamento estranho na cabeça depois de um sonho, mas infelizmente eu fiz força, e não consegui me lembrar de muita coisa depois. Me levantei fui até a cozinha tomei um copo d’água, tentei colocar a minha cabeça para funcionar, mas infelizmente nada aconteceu.

-Agora eu sei como é ruim esquecer alguma coisa importante!<disse a mim mesma entre um gole e outro de água>

Sem ter êxito com os pensamentos forçados, eu decidi voltar para cama, não queria desistir de tentar reaver esta ideia, eu precisava arrumar um jeito de tentar mudar a minha vida, retirá-la deste buraco em que ela se enfiou. Fechei os olhos, e sem nenhuma dificuldade devido ao meu casaco físico e mental, logo me entreguei ao sono.

Não sei por quanto tempo eu dormi, não se foi por uma ou duas horas, mas poderia jurar que foi por míseros minutos. Só sei que fui acordada pelo mesmo sonho, pelo mesmo pensamento que agora era mais do que claro na minha cabeça,e eu sei que mesmo correndo riscos de ele se exceder ainda mais desta vez, eu precisava arriscar, eu precisava tentar, não poderia ficar só olhando a minha vida passar.

Tomada por uma onda de coragem, não sei se pelo sonho, que me parecia ser o último fio de esperança, ou por já estar cansada de sofrer nas mãos dele por todo este tempo, enfim, resolvi tomar uma atitude. Algumas noites atrás eu fiz a loucura de sorrateiramente segui-lo pela casa e acabei vendo onde ele escondia as chaves de casa, que era em uma escrivaninha em seu escritório, por um lado estava com medo dele me pegar o observado, mas por outro lado, eu precisava olhar, precisava tomar uma atitude, por mim mesma.

Me levantei da cama lentamente e desci novamente as escadas, segui até o escritório, e revirei a sua gaveta, tomando cuidado para não retirar muitas coisas do lugar. Em uma de suas gavetas que abri, dei de cara com o seu chaveiro, respirei aliviada, e a peguei rapidamente a prensando em meu peito, sorri em meio algumas lágrimas, agora eu só precisava dar um jeito de conseguir a cópia desta chave sem que ele note.