terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Até que a morte nos separe... Cap-07

Comecei a me despir para tomar o meu banho, queria fazer o possível para demorar o máximo que pudesse no banho, mas sei que seria pior, pois só o deixaria ainda mais irritado comigo.Entrei no Box e liguei o chuveiro, deixando água morna cair no meu corpo, estava com dor no corpo, e estava com algumas feridas no ombro, no ante braço e com o olhos arroxeado, cada jato de água que caia sobre a minha pele era uma dor diferente, mas nada doía mais do que a dor da minha covardia, eu tinha medo dele, morria de medo e eu não me imaginava enfrentando ele, sei que se fizesse isso seria pior.

-Está fazendo hora para ver se vou dormir vadia?<disse me surpreendendo no banheiro>

-Claro que não Tony, e que esta ardendo muito e...

-Olha a minha cara de preocupação!... Se você não sair daí em cinco minutos, eu volto e você será minha aqui mesmo!<deu as costas e saiu batendo a porta>

Me apressei um pouco mais no banho, mesmo estando com raiva, com medo, eu não poderia fugir dele, seria pior ainda pra mim. Terminei o meu banho, me enrolei na toalha e sai do banheiro, ele estava deitando na cama com os braços em baixo da cabeça, senti o meu corpo tremer por inteiro, sabia que ele iria me machucar de novo.

Ele me olhou e se levantou vindo em minha direção, engoli a saliva que desceu como um pedaço de cacto espetando a minha garganta, acho que o medo exalava pelos meus poros, ele era bruto até no sexo, eu acho que nunca fiz amor na minha vida, eu não sei o que e ser tratada com carinho, talvez nos primeiros meses de casamento que ele ainda era o Tony que me apaixonei, mas hoje, eu não sinto mais nada além de dor.

-Mas que porra é está sangrando, não se limpou direito?

-Eu me limpei, mas é que este foi mais fundo, acho que precisarei levar pontos...

-Se você falar de novo, vai precisar levar pontos na cara!... Vai colocar uma bandagem nesta merda!

Me pegou fortemente pelo braço me levando de volta ao banheiro, abriu a gaveta em baixo da pia e revirou as coisas ate achar uma maletinha de curativos. Ainda me segurando pelo braço retornamos para o quarto, ele me colocou sentada na cama e colou algo extremamente ardido, senti como se o meu corpo estivesse sendo espetado por varias agulhas.

Ele colocou uma bandagem, recolheu tudo e colocou no criado mudo ao lado da cama, me pegou pelo braço novamente me fazendo levantar ficando de frente para ele, colocou a mão na minha toalha e a retirou brutalmente deixando o meu corpo completamente exposto, os meus olhos arderam imediatamente, senti as lágrimas quererem cair, mas eu as segurei como sempre as segurava, isso para mim já não era mais prazeroso, não era bom, pois eu sempre saia machucada com dores, e as vezes não conseguia nem me sentar direito, pois ele exigia que eu fosse dele de todas as formas, e isso era humilhante para mim.

Agora parada olhando dentro dos seus olhos, a minha vontade era de descer até a cozinha pegar uma faca e acabar com este sofrimento, se não acabasse com ele, acabaria comigo mesma, mas infelizmente a coragem não era a minha companheira.

Senti a sua boca tocar os meus lábios ferozmente como sempre, com mordidas fortes a ponto de me tirar sangue as vezes, parece que me machucar o deixava bem, feliz, excitado, definitivamente ele não era normal. Ele retirou a sua blusa, a sua bermuda seguida de sua Box, eu apenas fechei os olhos e esperei ele fazer o que quisesse fazer.

Senti as suas mão me levarem até a cama praticamente me jogando contra a mesma, senti o seu corpo sobre o meu e em seguida como sempre me invadindo com brutalidade, ele tinha um ritmo forte que me proporcionava muita dor, todo o meu corpo ardia, e doía ainda mais. Ele bufava de cansaço de tão forte que fazia, eu queria gritar de dor, mas as minhas mãos tampavam a minha boca me impedindo de gritar, e apenas murmurar, que eu tenho certeza que ele achava que eram gemidos de prazer só pode.

Ele sempre me batia durante as relações sexuais, mas desta vez acho que o seu ódio era maior do que o normal, acho não, tenho certeza. Senti a sua mão em minha garganta, coloquei as minhas mão em seu pulso, senti do que ele poderia fazer comigo, as suas investidas só aumentavam, ele parecia um animal em cima do meu corpo. Até então a sua mão se estava no meu pescoço, mas parece que conforme  o seu ápice se aproximava ele a apertava mais em volta do meu pescoço, senti a minha traquéia se fechar, o meu ar ficar escasso, eu tentava falar, mas a minha voz já não saia mais. Sentia os seus movimentos ficarem sem controle, e um ardor enorme tomar o meu corpo por inteiro, o meu ar não estavam chegando ao lugar certo, a minha cabeça começou a doer, e tentei puxar o ar de alguma forma, mas ele não vinha, ele não chegava nos meus pulmões, comecei a tossir a procurar de resquício de ar, mas nada acontecia, os meus olhos começaram a lacrimejar, e quando senti que iria desfalecer ele me soltou caindo ao meu lado completamente satisfeito, e eu quase morta.

Coloquei a mão na garganta puxando o ar com pressa e profundamente tentando fazer com que a minha respiração voltasse ao normal, me virei de lado na cama, encolhendo o meu corpo completamente dolorido ter espasmos de dor e desconforto, eu queria me levantar, mas não conseguia, parecia que todos os ossos do meu corpo estavam quebrados. Senti os seus pés se posicionarem nas minhas costas me empurrando, cai no chão sentindo o meu corpo bater brutamente e fazendo um alto barulho ao se chocar com o mesmo.

-Troque estes lençóis, eles estão ensangüentados!<disse parando ao meu lado>... Vou tomar banho e quando voltar quero tudo isso limpo!

Eu o encarei seriamente, mas ele já tinha se virado, acho que se ele tivesse tinha quebrado todos os meus dentes. Me levantei com muita dificuldade, a dor era enorme, e me deixava desnorteada. 

Coloquei a mão na cama e vi que estava tudo sujo, mas não era na altura do meu ombro, e sim dos meus quadris, coloquei a mão entre as pernas e constatei que desta vez ele tinha me machucado ainda mais.

Troquei todos os lençóis assim como ele havia me pedido, os peguei e desci para a lavanderia colocando apenas um roupão por cima do meu corpo. Quando estava voltando para o quarto, passei pela cozinha e vi algumas facas em cima da bancada, me aproximei delas e as encarei, confesso que já estava me sentindo maluca, eu queria fazer aquilo, a minha vontade era pegar uma delas e acertar no meio do seu peito sem pena e nem dor. Peguei uma das facas, passando o polegar em sua lamina conferindo o seu fio, se estava bem afiada, se eu fosse fazer isso, deveria ser de uma vez.

-Não, você não pode fazer isso!<disse a mim mesma colocando a faca no lugar>... Mas por que não, se ele pode fazer comigo, eu tenho que sofrer calada?<coloquei as mão na bancada>... Eu preciso colocar um ponto final nisso!<peguei a faca novamente>... Ele vai pagar por cada gota de sangue me fez perder hoje!

Coloquei a faca escondida dentro do meu roupão e segui para o quarto, entrei vagarosamente e ele já estava esparramado na cama, me aproximei da mesma e senti o meu corpo se arrepiar, ao mesmo que eu queria fazer, eu sentia medo, e se eu acabasse errando ou não fizesse certo, e ele acabasse revidando e me matando, ele era mais alto, mais forte, mais ruim e mais violento do que eu, se eu não fizer direito ele me mata. Segui para o banheiro e fechei a porta, coloquei a faca na pia, retirei o roupão que já estava todo sujo de sangue, entrei no Box e constatei de o sangramento já tinha cessado, se tivesse continuado, sem dúvidas teria que ir ao hospital. Tomei um banho, deixei a cortina do Box aberta, e a todo momento eu olhava para a faca, e parecia que estava traçando uma dura batalha entre o bem e o mau dentro de mim.

Terminei de me vestir, peguei a faca da bancada, e antes de sair me olhei no espelho, vi cara arranhão, machucado e cada área roxa no meu rosto, pensei no dia do meu casamento que jurei amor eterno a ele prometendo amá-lo, e respeitá-lo, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de minha vida, ate a morte nos separe. MORTE esta palavra gritou dentro de mim, como eu queria matá-lo agora, como eu queria ter coragem... Coragem.

Sai do quarto com a faca na mão segui até a cama rapidamente, ficando de frente para ele, e neste momento eu não vi mais nada, apenas enfiei a faca com todas as minhas forças em seu corpo de olhos completamente arregalados, queria vê-lo sofrer sentir dor como eu senti durante todos estes anos. Eu só ouvia ele gemer e os pingos de sangue tocando o meu rosto, estava feliz? Sim, estava, estava me livrando deste mal que assola a minha vida. Continuei o esfaqueando até não sentir mais nenhum movimento seu, até não ver mais nenhum resquício de vida em seus olhos que permaneceram abertos. Dei a última facada enterrando ela no meio do seu peito, e fiquei ali o olhando sangrar sem um pingo de remorso no peito...

Abri os olhos rapidamente, estava deitada ao seu lado, que dormia tranquilamente, coloquei a mão em baixo do meu travesseiro, e a faca estava lá, pronta para ser usada, mas minha coragem ao contrario dela, ainda não estava pronta. Me virei brevemente olhando para ele, e pensei: “Como um homem tão lindo pode virar este mostro sem coração que é hoje”.


Me virei novamente e tentei pegar no sono em meio as minhas dores, acho que nunca tinha ido dormir tão dolorida como hoje.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mais dor... Cap-06

<Bruno on>

Estávamos de boa curtindo a festa, estava me distraindo com o Liam e o Zadeh, gostava de fingir que fazia mágica para eles, isso os deixavam vidrados. (Titio charlatão, se eles soubessem) A noite estava indo muito bem, todos estávamos curtindo e jogando conversa fora quando ouvi uma certa falação e um inicio de discussão, e decidi ir ver o que estava acontecendo. Quando me aproximei vi um cara provavelmente o vinho, ele estava bastante alterado com o Kenji, me aproximei mais dele que já estava acompanhado dos caras, todos nos estávamos tentando amenizar as coisas, mas parecia que ele não queria papo. Vi uma moça tentando segura-lo, olhei bem o seu rosto, e era impossível não reconhecê-la, aqueles olhos, aquele rosto, era ela, a mulher do mercado, como ela era linda, e tinha uma voz suave, mesmo nervosa por tudo o que estava acontecendo. Ele a encarou e começou a gritar com ela, eu não poderia ficar simplesmente olhando ele gritar com ela, isso não e certo, e quando ele levantou a mão para estapeá-la eu não pude somente olhar, tive que me meter, e acabamos trocando alguns insultos que terminou em agressão física, ele achava que nos tínhamos um caso, ele e realmente muito idiota.

Os caras nos separaram, me afastando dele, enquanto o Dre e o Ryan o levaram a contra gosto para casa. Antes de entrar ela me olhou, eu a encarei seriamente, sinceramente, senti pena dela, ela não deve ter uma vida muito feliz ao lado deste homem, ele deve ser insuportável. Ela entrou e eu fui para casa do Kenji, por sorte o soco que ele me acertou foi mal colocado, e não chegou a me machucar, eles pensarão em não continuar a festa, mas ma realidade eu fiquei com receio de ir embora, ele acabar fazendo algo com ela, eu sei que não deveria me preocupar com ela, afinal nem a conheço, mas não sei o que senti ao vê-la, só sei que estou com receio dele por ela.

Ficamos mais algumas horas na casa, logicamente não no mesmo clima, mas trocamos algumas conversas. Estavam todos distraídos quando eu decidi pegar um bebida e ir pegar um ar no quintal, acho que eu realmente me preocupei com ela, e o por que eu não sei. Me peguei no quintal na lateral que dava para a sua casa, me escorei na parede e fiquei olhando fixamente para uma das janelas que estavam a meia luz, estava me sentindo confuso, ainda estava me perguntando por que eu me meti entre ela e o marido, eu não consigo me entender. Vi a luz se acender por completo, e uma sombra se projetar na parede, a sua sombra, com os seus lindos cabelos longos, ela apareceu na janela para fechar a cortina acho, e quando me viu pareceu ter paralisado, ficando estática assim como eu estava a observando, senti um no se formar na minha garganta, não sei explicar o porquê disso, como isso, só sei que senti uma enorme vontade de protegê-la. Do nada ela olhou para o lado e rapidamente fechou a cortina, daria qualquer coisa para saber o que ela estava sentindo neste momento, se estava com medo, triste, ou como eu, com um no inexplicável nó na garganta. Fui despertado dos meus pensamentos pelo Ryan dizendo que deveríamos ir embora, olhei no relógio e acabar de passar da meia noite, assenti positivamente, e antes de entrar olhei mais uma vez para a janela, e puder ver a sua silhueta se despindo, parei por mais uns segundos, e mesmo através da sombra consegui ver as suas formas perfeitas, como um homem teria coragem de ser grosseiro ou maltratar uma mulher tão bela. Dispersei estes pensamentos e segui para o interior da casa.

<Gabby>                                             *Musica*

 Depois de me despedi de todos, que e em seguida foram embora, me deixando sozinha com o Antonny fui tentar ajudá-lo, ele estava com a boca machucada devido ao soco que acabou levanto do rapaz, e como eu tenho a obrigação de cuidar do meu marido independente da burrada que ele faça “Na saúde ou na doença” fui tentar cuidar do ferimento em sua boca, pena que ele não queria ser cuidado.

-Sai daqui vadia, você não presta e nunca prestou!<dizia alto e bom som>

Eu so queria limpar o seu ferimento, mas a cada encostada que eu dava nele era um tapa que eu levava, nos braços nas mão para não encostar nele. Eu não queria deixa-lo de mão pois sabia que seria pra mim no dia seguinte, pois ele iria dizer que não tinha feito nada por ele. Eu não entedia o por que de todas esta agressividade comigo, eu troquei votos com ele, eu sou leal a ele sempre fui.

-Sua cachorra, idiota, já mandei você ir embora, sai da minha frente porra!

                

Senti um tapa muito forte estalar em meu rosto, eu so ouvia o estalar de suas mãos em minha pele, sua mão era quente, e muito ardente, e ela descia sobre o meu corpo sem pena, sem do, sem piedade. Eu queria gritar, queria impedi-lo de que continuasse a me agredir, ele não machucava somente a minha pele, ele machucava a minha alma, sentia a minha vida ser sugada a cada tapa, a cada soco sem piedade que levava, lembrava dos meus filhos, lembrei de cada aborto que sofri devido as suas agressões, a cada vida fruto do meu sangue que vi escorrer pelas minhas mãos em baixo daquele chuveiro, e penso que talvez tenha sido melhor assim, talvez eu não sirva para ser mãe, eu sou uma fraca que não tem capacidade nem de se defender, piorou um filho, ou 3.

Ao mesmo tempo em que me contorcia de dor, me corroía de ódio e raiva, sentia que nem o meu corpo e nem a minha alma aguentariam por muito tempo a toda esta tortura, e infelizmente eu não via muitos caminhos para mim, a não ser deixar ele me matar, ou morrer a míngua, eu não tinha forças para simplesmente dar um basta nele, ou simplesmente sair de casa, ate por que se saísse, para onde iria? Estava me sentindo vulnerável, um lixo, um brinquedo velho que você simplesmente coloca para fora de casa quando não quer mais, e deixa a mercê do tempo, da chuva, e do sol, ate ser levada embora para qualquer lugar, eu queria muito ser levada daqui, queria conseguir erguer a cabeça, e dar um rumo a minha vida sem medo, sem estes medos que me impedem de ser feliz. Isso se um dia eu serei feliz novamente... Se e que um dia eu fui feliz.

Depois que ele descontava a sua raiva, eu sempre estava no chão literalmente, o meu corpo doía, e as marcas vermelhas, e ate mesmo as feridas pelo meu corpo ardiam como fogo, ele sempre saia e me deixava pra trás, me deixava largada como um saco de lixo no meio do caminho. Reuni o pouco de forças que tinha, me levantei do chão e segui para o quarto, precisa de mais um banho, teria que encarar mais esta dor física, mas esta doía menos do que a minha alma doía agora.



Entrei no quarto e ele estava deitado na cama de barriga pra cima olhando para o teto, eu procurava não encará-lo, era o melhor que eu fazia. Passe direto e entrei no banheiro, ele tinha escondido as chaves de todas as portas interiores da casa para que eu não me escondesse dele em cômodo nenhum, então eu não podia trancar nem a porta do banheiro para tomar banho. Me olhei no espelho conterá a luz, observei cada marca deixada no meu corpo desta vez, era cada dia pior, com mais força e mais violência. Prendi o meu cabelo em o coque, e segui para a janela na intenção de fechar a cortina do banheiro, olhei pata o lado de fora, e i vi encarando a minha janela, ele estava olhando fixamente para mim, acho que ate dentro dos meus olhos se e que isso era possível, senti o meu corpo se arrepiar, um no se formar na minha garganta, um arrepio na minha espinha, o que era isso? Medo? Agonia? Confusão? Receio? Varias possíveis coisas passaram na minha cabeça, mas a única que me passava com mais força, era os seus olhos, como eles eram lindos e tinham o poder de hipnotizar qualquer mulher, este homem era um perigo para qualquer casamento, para qualquer mulher vulnerável. Por que ele me defendeu? Por que ele se meteu no meio do Tony e de mim, por que me proteger, eu não sou ninguém pra ele.

-Como e que e, você vai demorar muito ainda?<olhei em direção a porta e fechei a cortina rapidamente>... Acha que eu terminei com você?... Ainda te quero esta noite, você e a minha mulher, e tem o dever de me saciar!

-Eu já estou indo...

-E bom mesmo, e sem chororô!... Se você fica se insinuando para qualquer um na rua a ponto de ser defendida por ele, tem a obrigação de ser minha na hora, aonde, e como eu quiser!

-Claro!<disse deixando as lagrimas rolarem pelo meu rosto>

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

De cabeça quente!... Cap-05

<Gabby> 

Entrei em casa praticamente correndo retirando todas as compras de dentro do carro, as acomodando na cozinha, e mesmo antes de guardar tudo na dispensa, já comecei a preparar o jantar. Senti que poderia desmaiar a qualquer momento, estava com o estômago completamente vazio, me sentindo muito fraca. Enquanto terminava de colocar o jantar para cozinhar, fiz um sanduíche, acompanhado de um copo de suco de laranja, sentia como se fizesse sei la, semanas que não me alimentava.


Encostada na bancada da cozinha, olhei pela janela que dava praticamente dentro do quintal da Eleonora, e constatei uma movimentação estranha, incomum na realidade, parecia que ela iria dar um festa, pois estavam decorando o quintal, e pareciam estar fazendo testes de som, já senti que a noite será longa, o Tony odeia barulho durante a noite.

Alguns minutos depois com o jantar já bem adiantado, e eu um pouco mais recomposta por ter comido um lanche, ouço a porta da frente se abrir, sinto uma certa apreensão pois o jantar ainda não está pronto, e eu não sei qual será a sua reação a isso. Sinto seu perfume invadir a casa, acho que e uma das únicas coisas boas que ainda restaram dele, o seu cheiro.

 -Cadê as coisas?... O celular, as chaves do carro, e o cartão?

-Esta tudo na bancada!... Como foi o seu dia?<me virei para ele>

 -A mesma merda, só me estressei hoje!... Vou subir tomar um banho, e quando voltar espero que a comida esteja pronta!<disse e saiu>

-E eu já estou melhor caso queira saber<disse para mim mesma já que ele nunca perguntava>


Retomei as minhas obrigações, estava distraída quando ouvi o barulho de risadas, e cumprimentos se intensificarem, não sei se era coisa da minha cabeça, mas eu acho que já tinha ouvido duas daquelas vozes antes, resolvi não ligar e simplesmente continuar com os meus afazeres, afinal em poucos minutos o Tony desceria para o jantar, e eu não teria desculpa a dar se não estivesse pronto.

 -Para de lerdeza Bruno, você está fazendo é corpo mole!<ouvi uma voz vindo da casa da Eleonora>

 Bruno... Bruno... Sim acho que este era o nome do rapaz que me ajudou no mercado, sorri ao me lembrar dos seus olhos amendoados, da sua pele morena, e do seu perfume deliciosamente incrível, ele era realmente um homem lindo de traços marcantes e de um braço com mãos fortes, só de lembrar sinto um frio na barriga, não queria nem imaginar se o Tony visse a forma com que ele me segurou, acho que ele me mataria. Decidi dispersar estes pensamentos e cuidar o jantar, não quero ser surpreendida negativamente por ele.

Depois de alguns minutos, o jantar já estava pronto, estava terminando de colocar a mesa quando o Tony desceu, parecia muito aborrecido, e eu não gostava nada disso.

-Puta que pariu, já vi que não vou conseguir ter paz esta noite!

 -O que houve amor?

 -Você e surda, ou está se fazendo de idiota?... Não esta ouvindo esta barulheira infernal que estes infelizes estão fazendo?

-Sim!... Mas eu não acredito que irão ate tarde...

-Por que você tem tanta convicção disso, andou ciscando no quintal do vizinho sua galinha?

-Não Tony, eu só comentei...

-Acho bom mesmo, se não você já sabe!<espalmou a sua mão na frente do meu rosto>... Agora anda, coloca o meu jantar, que eu ainda vou trabalhar antes de dormir!

-Já estou colocando...

-Vou ver se consigo trabalhar, com este bando de desocupados fazendo está barulheira infernal!

 Servi o nosso jantar, pois mesmo tendo feito um lanche, eu fiquei muitas horas sem me alimentar, e mesmo não estando com muita fome, decidi comer ao menos um pouco.

Nos sentamos a mesa, para jantar, ele não disse uma só palavra, era sempre assim ultimamente ele só abria a boca para fazer grosserias, ser inconveniente e me tratar mau, as suas mãos só me tocavam com agressividade, e o meu amor por ele. Bom... Este morria cada dia um pouco mais.

Ao termino do jantar ele se retirou, disse que iria para o escritório trabalhar, eu fiquei na cozinha para terminar de guardar as compras, e lavar a louça do jantar. Estava distraída, e até cantarolando algumas músicas que poderia se ouvir da casa da Eleonora, parece que as suas visitas eram bem animadas, ouvi algo sobre descansar da turnê, eu sabia que o marido dela era músico, e ela já tinha me dito que ele estava viajando para tocar, por isso quase não ficava em casa.

Estava quase terminando de arrumar a cozinha quando ouvi o Tony me gritar do escritório, ele disse que estava com muita dor de cabeça.

-Pega um remédio pra dor!... A minha cabeça vai explodir!

-Você quer beber com água, ou quer que...

-Lógico que e com água sua inútil, quer que eu tome o remédio como, com saliva?

-Eu só iria perguntar se você quer um suco...

-Eu só quero a porcaria do remédio!... E que este bando de infelizes calem a boca! 

-Aqui está o seu remédio!<disse assim que voltei> 

-Se eles não parrem com esta barulheira eu vou até lá! 

-Não faça isso Tony!... Eu acho...

-Não estou perguntando o que você acha, eu estou dizendo o que vou fazer!... Agora sai da minha frente, tenho que trabalhar para te sustentar!

-Claro, qualquer coisa e só me chamar!

-E lógico que te chamarei, idiota!

Sai do escritório e segui para a sala, me sentei no sofá, peguei um livro e tentei me concentrar, estava tensa pois as horas passavam, e a musica não parava ou se quer diminuía, estava vendo a hora do Tony sair daquele escritório, e ir reclamar com do barulho na casa da Eleonora.

Pouco mais de duas horas já haviam se passado, eu já tinha lido, já tinha tomado o meu banho, me trocado colocando um pijama e um hobby por cima, estava sentada vendo TV, estava esperando que terminasse de trabalhar, pois ele não gosta que eu durma antes dele.

-BANDO DE DESGRAÇADOS, AGORA ELES VÃO VER UMA COISA!<esbravejou passando por mim na sala>

Me assustei com o elevar da sua voz e a velocidade com que ele passou por mim, e bateu com a porta em seguida. Eu sabia do que ele era capaz, e tinha medo que ele fizesse alguma besteira, então mesmo sem me trocar fui atrás dele.

-EI VOCÊ!... É VOCÊ MESMO QUANDO É QUE VOCÊS VÃO ACABAR COM ESTA BALBÚRDIA, EU NÃO SOU DESOCUPADO COMO VOCÊS, EU PRECISO TRABALHAR!

-Desculpe amigo, mas pelo que me consta eu estou na minha casa!<disse o marido da Eleonora pacificamente>

-E EU NA MINHA TENTANDO TRABALHAR, E NÃO CONSIGO POR CULPA DA ALGAZARRA DE VOCÊS!

-Será que haveria a possibilidade do senhor se acalmar?... Somos todos civilizados aqui eu acho!

Aquele homem era ele, o rapaz de olhos amendoados, ele estava aqui. Eu não teria tempo para tentar pensar nisso, só queria que ele não me reconhecesse.

-Calma amor, talvez se você se...

- E O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO AQUI FORA?<disse me cortando>... EU NÃO TE MANDEI SAIR DE CASA, AINDA MAIS NESTES TRAJES!

É ele estava prestes a explodir, eu conheço o meu marido, ele estava alterado, e extremamente estressado. Eu estava com medo de dar uma resposta e ele se descontrolar de vez. “Droga, porque isso tem que acontecer comigo?” “O que eu vou fazer?” Pensei, mas não há tempo de pensar em nada agora!

-Gabriela sai daqui antes...

-Você?... Está melhor?<o rapaz me encarou>

-Se ela está melhor?... Que historia e esta?<me encarou seriamente, vi fogo em seus olhos>

-Amor ... Deixa... Deixa te explicar... Não e nada disso que você está...

-CALA ABOCA SUA VADIA!... FOI SÓ EU DEIXAR VOCÊ SAIR UMA VEZ, E JÁ FICA SE OFERECENDO PRA QUALQUER UM?<elevou a mão na altura do meu rosto>

E assim como eu imaginei, ele se exaltou, e eu não duvidaria que ele fosse capaz de me bater na frente de todos “Pronto, tudo o que eu menos queria, será que eu realmente mereço isso?” pensei.

-QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA LEVANTAR A MÃO UMA MULHER?

O rapaz do mercado, que pelo que me lembro se chamava Bruno, segurava o braço do Tony com uma certa força, o que fez com que eu não levasse este tapa, agora.

-QUEM VOCÊ PENSA QUE É?... ELA É A MINHA MULHER, E NÃO SUA...

-SEM DUVIDAS, ATÉ POR QUE SE FOSSE MINHA MULHER, EU NÃO A TRATARIA COMO UM LIXO COMO VOCÊ ESTA FAZENDO, SEU IDIOTA!<largou o braço dele>

-IDIOTA?... E REALMENTE ACHO QUE SOU UM IDIOTA!... VOCÊ ESTÁ SAINDO COM ELA NÃO ESTÁ?... VOCÊ ESTÁ SAINDO COM ESTA VAGABUNDA?

-VOCÊ É LOUCO EU A CONHECI NO MERCADO, ELA ESTAVA PASSANDO MAL, EU SÓ FUI AJUDA-LA...

-SEU CRETINO!



Vi o Tony partir pra cima do rapaz com um soco que por sorte não foi muito bem colocado, senti o meu corpo não responder a vontade de ir segura-lo, eu só conseguia chorar no momento, mas mesmo lutando contra o meu corpo eu consegui segurar o seu braço no mesmo momento em que o Bruno revidou o soco, muito bem colocado por sinal, deixando o Tony tonto e caindo sobre mim.

Imediatamente vi vários homens os segurando, enquanto a Eleonora me ajudava a levantar do chão, eles ainda trocavam algumas ofensas, e eu só conseguia pedir para que parassem. Dois dos rapazes que seguravam o Tony, praticamente o arrastou para dentro de casa, eu olhei para o rapaz que me encarou seriamente, ele tinha um semblante de pena, parecia que ele realmente se preocupou comigo, mas por que? Ele me conhece a apenas algumas horas, na realidade nem me conhece, apenas me viu. Ele esboçou um breve sorriso, e eu arregalei os olhos e ouvi a Eleonora me chamar, entrei e fui cuidar do Tony, pedindo para que a sua fúria não voltasse para cima de mim, mas infelizmente eu sei que se voltara.

Entrei em casa e ele enfrentava os rapazes que nada tinham a vez com tudo o que estava acontecendo, eles trocaram algumas ofensas, os rapazes o chamaram de louco e ele os expulsou de casa.

-Nos estaremos aqui, e se você encostar nela... <um dos rapazes se pronunciou>

-O que vocês vão fazer?... Vão me bater?

-Nos vamos chamar a policia!

-Estou morrendo de medo!<foi irônico>

-Obrigada Eleonora!<disse baixinho enquanto ela me abraçava>



Eles saíram e eu fiquei ali olhando para a porta, eu estava com medo de encará-lo, estava com medo de apanhar, ou já estava preparando o meu corpo e o meu espírito para tal. Sei que o rapaz não fez por mal, e que não era a sua intenção me prejudicar, mas agora eu sei que estou perdida.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Primeira impressão! Cap -04

Agradeci ao rapaz que tinha colocado as compras no porta malas para mim, e entrei no carro.

-Oi amor!<disse assim que entrei>

                      

-Que demora foi esta para atender ao celular?... Estava tão ocupada assim com o que?

-Eu estou passando mal Tony, me sentindo fraca...

-E mesmo?<disse ironicamente>... Se você visse a minha cara de preocupação, estou comovido!... Já esta em casa?

-Eu nem sai do estacionamento do mercado ainda Tony!

-E melhor você se apressar, eu já estou esperando o táxi!

-Eu vou me apressar!

Ele desligou o aparelho, eu dei partida no carro e segui para casa, eu tinha que tentar me concentrar, e tentar ir o mais rápido possível, tinha que esta ao menos com o jantar encaminhado quando ele chegasse.


(Bruno on)


Acabamos de terminar uma turnê mundial, eu estou simplesmente exausto, acabado, mas muito feliz e satisfeito, o contato com as minhas fãs e sempre muito bom, elas me passam uma energia muito boa, e por mais que seja cansativo, eu sempre estou disposto para elas.
Confesso que viajar e muito bom, estar perto delas, e sentir o calor que me passam e incrível, mas estar em casa não tem preço. Eu amo a minha cidade, amo Los Angeles, amo a minha casa, e a melhor coisa depois de uma viagem de trabalho, e chegar e encontrar a minha cama, ou no caso o meu sofá que esta mais perto.

-Já vai se prostrar neste sofá cara?<disse Ryan colocando a sua mala no chão>

-Me deixa, eu estou cansado, e quero apreciar o meu sofá, posso?

-Você e um velho mesmo!

-Eu não sou velho, só estou cansado!... Você fala isso, mas eu sei que também esta cansado!!

-Estou, mas não vou cair no sofá como um velho acabado!

-A vai a merda Ryan!<assim que disse isso o seu celular tocou>

-Fala cara!

-(...)

-Serio, isso e ótimo, estou precisando mesmo!

-(...)

-Ah, ele e um velho babão, e já esta largado sofá!<gargalhou>

                   

-(Eu vos declaro Marido e sofá, pode beijar a noiva Bruno!)<disse Phil no viva voz>

-Vão a merda você e o Ryan!<gargalhamos>

-(Cara o Kenji vai fazer uma festa na casa dele, para de ser chato, levanta esta bunda gorda deste sofá e vamos curtir)

O Phil e um cara que tem energia de sobra, eu não sei como aquele negão consegue fazer uma porrada de coisas, e ainda esbanja empolgação.

-Não sei cara, eu preciso de um banho, e da minha cama!

-(Tudo bem, se liga só!... Ainda são onze da manha, a festa vai começar as sete, da tempo de você tomar banho, dormir um pouco e ir, sem problemas!)

-Não sei...

-Ele vai sim!<disse Ryan se metendo na conversa>

-(Então ta fechado!... Eu passo ai as seis e vamos no mercado comprar as bebidas!)

-Ainda tem que ir comprar bebida?<perguntei encarando o Ryan>

-Shi!... Cala a boca sua velha!

-Velha e o seu passado!

-Esta fechado então Phil!

Antes mesmo de eles finalizarem a ligação seu fui para o meu quarto, precisava de um banho, e de dormir um pouco, estava extremamente cansado.
Acordei como meu celular tocando irritantemente alto, tem dias que me da vontade de tacá-lo pela janela. Olhei no visor e sorri, só poderia ser ele, esse povo não cansa?

-Você não enjoa da minha cara não é?

-Enjoar até enjoo, mas fazer o que se  não se vivo sem você amor!

-Eu vou contar para a Urbana, você vai ver só!<sorrimos>

-Tudo bem, na festa você conta, ela vai estar lá com as crianças!... Agora levanta esta bunda gorda da cama, ou do sofá por que eu já estou indo!

-Eu não tenho a bunda gorda!

-E verdade, você não tem bunda!

-Eu te odeio!<sorrimos>

-Eu sei, agora anda logo!

-Ta bom mãe!

Me levante na maior boa vontade, não sei, mas depois de ter dormido um pouco acordei mais disposto. Quando terminei de tomar o meu banho e me arrumar, o Phil já tinha chego, e como sempre estava sentando e muito impaciente no sofá da sala.

-Toda esta demora só para isso cara, precisa melhorar um pouco mais para conseguir me pegar!

-Já te mandei ir a merda hoje Phil?

-Ui, que meda!<sorrimos>

-Ei, cadê o Ryan, ele não vai mais?

-A esta hora ele já deve na casa do Kenji!... Ele foi antes para ajudar em umas paradas de comida!... E ai, vamos?<levantou do sofá>

-Primeiro as damas!<estendi a mão>

-Desculpe pode passar amor!<Ele disse e sorrimos>

-Idiota!

Ficamos conversando sobre a turnê durante todo o trajeto ate o mercado, o que durou pouco mais de 15 minutos. Assim que conseguimos uma vaga para estacionar no meio do estacionamento completamente lotado, seguimos rapidamente para a entrada do mercado, estávamos totalmente distraídos em uma conversa tão animada que acabei esbarrando um uma moça, e derrubando as suas compras, fazendo com que ela quase se desequilibrasse e cai-se, o Phil a ajudou enquanto, eu recolhia as suas compras pelo chão.

-Me desculpe!<desse entregando as suas coisas>

-Obrigada, tudo bem!<disse pegando a sacola das minhas mãos>

-Você não me parece nada bem moça!

Por um momento achei que ela iria cair, segurei com uma mão em sua cintura, e a outra em seu braço, ela pareceu se incomodar com a minha tentativa de ajudá-la, ela recuou ficando na defensiva, ela pediu que a soltasse, mas insisti em ajudá-la, ela não parecia estar muito bem. 
Vendo a sua recusa o Phil pediu para que eu a soltasse, relutei, pois parecia que se a soltasse ela iria ao chão, ela parecia estão tão frágil, tão vulnerável, eu só queria ser gentil com ela, senti uma enorme vontade de ajuda-la.

                       

Ela elevou o olhar, e enfim consegui ver os seus olhos, ela era linda, parecia tão indefesa, parecia um gatinho amuado com medo, com frio e muito assustada, eu não faço ideia do porquê que uma mulher tão linda esteja tão assustada. 
Ela se desvencilhou das minhas mãos olhando para os lados, parecia por procurar por algo, ou alguém, parecia estar com medo de ser vista, ou estar sendo vigiada, e simplesmente se afastou de mim indo em direção ao seu carro.
 Depois de alguns passos ela parou e olhou pra trás, me agradeceu  oferecendo-me um belo sorriso, no qual eu retribui acrescentado de um aceno. Fiquei hipnotizado por ela, ela era simplesmente encantadora, assustada, mas encantadora. Os seus olhos eram um mistério, eram vazios e distantes, senti que mesmo que ficasse horas os analisando, não conseguiria desvendá-los.

-Ei cara acorda, esta tudo bem?<disse Phil encostando em meu ombro>

-Esta... Ou não... Não sei!

-Xiii o que houve?

-Não sei, fiquei curioso, ela e muito estranha!

-Geralmente elas são estranhas!

-Não assim Phil, e estranha por... A deixa pra la!

-E melhor deixar mesmo, tem muitas bebidas para comprar, e o mercado esta cheio!

Phil e eu encaramos o mercado que estava bastante movimentado, por sorte não fomos incomodados por ninguém, parece que ninguém nos reconheceu, mas se reconhecesse, e claro que daríamos atenção.
Depois de mais ou menos 30 minutos só de fila, e do Ryan ter ligado mais de um milhão de vezes torrando a paciência, querendo saber se estávamos contando os passos, enfim estávamos indo para a casa do Kenji.
O caminho inteiro aquela mulher não saia da minha cabeça o porquê eu não sei, eu não olhei muito bem o seu rosto, mas vi os seus olhos, e eles eu jamais esquecerei. 
O Phil não parava de falar merda e ficar fazendo palhaçadas, mas eu estava cansado, e confesso que estava indo por consideração aos caras que eram parte da minha família.

-Bruno!... Bruno!... Acorda homem!

-Que foi cara, desculpa!<disse despertando dos meus pensamentos>

-O que foi aquilo no mercado?<disse sem desviar o olhar da rua>

-Aquilo o que?

-Você ficou desligado no mercado, perdi a conta de quantas vezes tive que te chamar!<disse desviando brevemente o seu olhar da rua>... Você esta bem de verdade, sabe que sou teu irmão, pode contar comigo!

-Estou sim irmão, liga não, só estou meio cansado você sabe, estávamos na correria, e agora só quero aproveitar as minhas férias!

Não queria dizer a ele que estava pensando na mulher do mercado, ele iria falar que estou ficando maluco. Mas ela não saiu da minha cabeça, foi estranho, realmente estranho, eu nunca vi alguém tão estranha como ela, daria qualquer coisa para saber do que ela estava com medo.


Ficamos conversando coisas aleatórias ate chegarmos na casa do Kenji, ele estacionou em frente a casa com cuidado por causa do carro dos caras. Assim que estacionou ele disse que iria chamá-los para ajudar a descarregar tudo. Olhei ao meu redor e ate que a vizinhança era bem legal, era a primeira vez que vinha aqui desde que eles se mudaram, e ate que tinha umas casas muito lindas, e de jardins bem cuidados, mas uma em especial me chamou a atenção, não pelo jardim ou pela sua bela fachada, mas sim pelo carro estacionado a sua frente, olhei bem e não era possível, era ele eu sei, aquele era o carro dela.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O primeiro olhar... Cap-03


Acordei no dia seguinte, com o meu celular despertando bem baixinho, o Tony odiava ser acordado com barulho muito alto, e eu aprendi isso da pior maneira, e para que não acontecesse mais, eu tive que me adaptar a acordar com o mínimo de barulho possível.

Me levantei calmamente para não acordá-lo, e segui para o banheiro. Depois de um banho rápido, me troquei e antes de sair do quarto, tinha que acordá-lo para que fosse se arrumando enquanto eu procurava algo para que ele tomasse café.

-Tony... Tony acorda amor, já esta na hora!<disse me sentando ao seu lado na cama>

-Ta, eu já acordei!<se virou>... Na realidade já estou acordado desde a hora que você levantou, parece um animal se mexendo na cama, não tem nem como dormir com você do lado!

-Desculpa, eu tentei fazer o mínimo de barulho...

-Ta não me interessa, a merda já foi feita!<me olhou como se quisesse me comer viva>



-O que eu vou fazer para tomar café?

-Eu que sei?... Você que e a mulher da casa, vai lá embaixo e se vira!<disse indo para o banheiro>

-Posso ir à padaria comprar algo?

-E lógico que não!    

-Mas então...

-Eu vou tomar café na rua!... E você quando for fazer as comprar faça algo e coma!

-Mas...

-MAS O QUE GABRIELLA?... Será que eu não posso nem tomar o meu banho em paz?

-Desculpe!

Me levantei e comecei a arrumar a cama, e separar a sua roupa que ele se arrumasse. Depois de tudo pronto desci para a cozinha, na tentativa de arrumar algo para que eu comesse ate a hora de ir ao mercado. Estava olhando a dispensa, e não tinha nada que eu pudesse comer, e como não tinha jantado, e nem comido nada antes de dormir, eu já estava me sentindo um pouco fraca.

-Aqui está o celular, e as chaves do carro, ate por que eu não quero que você venha de táxi!... No carro tem combustível o suficiente para você ir e voltar do mercado, sem mais delongas!

-Tudo bem!... Eu não tenho lugar nenhum para ir...

-E mesmo se tivesse não iria!... Você só vai ao marcado, na hora em que eu ligar deixando você ir!... Neste e o cartão tem quinhentos dólares, acho que e o suficiente para você comprar tudo!

-Da sim Tony, e o suficiente!

-Te quero em casa na hora em que eu marcar!... E quando eu chegar,quero o jantar pronto!

-Claro Tony!<disse meio desanimada>

-Que desanimo e este?... Você deveria estar feliz, eu estou deixando você sair sozinha, e de carro!... O que você quer mais?<disse me encarando friamente com um leve sorriso nos lábios>

-Nada, eu não quero mais nada!

-Então sorria e me chame de amor como sempre, por que hoje eu estou muito bonzinho!

-Eu sei meu amor!<sorri tentando ser natural>



-Ate mais tarde!<me deu um beijo rápido>

Quando ele saia de casa, confesso que ficava bem mais aliviada, só assim eu saberia que poderia passar o dia inteiro sem levar um tapa se quer.

Peguei o celular e tentei fazer uma ligação, eu sei que ele me proibiu, mas eu tinha que falar com alguém, eu estava prestes a explodir de angustia, e estava morrendo de saudades da minha família, afinal não era todos os meses que ele deixava que eu ligasse para os meus pais. Disquei os números que eu me lembrava, mas estava dando que o eu não tinha créditos para fazer ligação, ele tinha me dado o celular com um chip pré-pago, e sem créditos, obvio que ele não iria me dar este mole, e para completar o chip não fazia ligações a cobrar internacional, resumindo, eu continuava presa mesmo com celular.

Apaguei as minhas tentativas de ligação, e fui fazer a única coisa que poderia fazer neste momento, arrumar a casa. As horas se passavam, já era mais de duas da tarde e ele não me ligava, eu estava ficando cada minuto mais fraca devido a fome que sentia, dei mais uma olhada pela cozinha, e não achei nada para se comer, decidi tomar um banho e esperar a sua ligação já arrumada. Depois de passar algum tempo tentando escolher algo para vestir, já que ele não me dava mais roupas, e nem me deixava comprar para repor as que ele mesmo rasgou, e quando comprava era sempre com um estilo retro, como ele dizia, mas para mim, e era de velha mesmo. Ele queria me vestir de uma forma, que ninguém olhasse para mim, e ele estava conseguindo. Como não tinha muita maquiagem fiz só uma coisa muito básica, e ainda tinha que me virar para escolher os hematomas no meu rosto, e nos meus olhos, era praticamente impossível sair de casa sem óculos escuros.



Depois de arrumada, eu me sentei na sala e fiquei assistindo TV, me distrai com um filme bobo para tentar disfarçar o desconforto causado pelo estomago vazio.

Peguei o celular para ver a hora, constatei que já passava das três e meia, respirei fundo e fui colocar o celular no lugar, mas levei um susto ao senti-lo vibrar na minha mão.

-Oi amor!<já atendi ao telefone desligando a TV, e pegando as chaves do carro>

-Você tem exatamente duas horas para fazer compras, contando de agora, te quero cinco e meia dentro de casa, chegarei as seis e quero o meu jantar pronto!<disse rispidamente>

-Tudo bem, pode deixar!<disse já entrando no carro>

Ele como sempre desligou na minha cara. Me ajeitei no banco do motorista, já fazia um tempo que não dirigia, foram poucas as vezes que peguei no carro aqui em Los Angeles, mas como ele sempre ia comigo no mercado, eu já sabia o caminho, e em menos de dez minutos já estava no estacionamento do mercado. Para o meu azar ele estava completamente lotado, eu jamais conseguiria sair dali em menos de duas horas, parecia que ele tinha feito de propósito. Senti o meu estomago doer muito forte, estava realmente faminta, eu precisava comer algo urgentemente, ates que desmaiasse. Entrei no mercado e comecei a fazer as compras, procurei pegar tudo o que ele gostava primeiro, não queria ter motivos para apanhar hoje em relação a isso. Depois de mais ou menos uma hora enfrentando filas no interior do mercado, eu fui para o caixa, senti o meu celular vibrar, e logicamente só poderia ser ele.

-Oi amor!

-Que barulheira e esta?

-O mercado esta muito cheio, eu já estou a uns dez minutos no caixa, e ainda tem umas 5 pessoas na minha frente!

-Eu não quero saber, quero chegar em casa e encontrar o meu jantar pronto!

-Vai estar eu...

Já estava acostumada a ele bater o telefone na minha cara, sempre que tinha esta possibilidade ele fazia. Depois de mais ou menos uns trinta minutos, enfim estava passando as minhas compras, pelas minhas contas, eu tinha dez minutos para chegar em casa, e começar a fazer o jantar.

A moça do caixa pareceu ter notado a minha pressa, e até que passou tudo bem rapidinho, enquanto um jovem empacotava e acomodava tudo em um carrinho. Depois de tudo pago, peguei a ultima sacola de papel no braço, e comecei a seguir o rapaz que conduzia o meu carrinho ate o meu carro.


Estava completamente distraída de cabeça baixa, acabei esbarrando feio em alguém, e acabei derrubando a sacola de minhas mãos.

-Me desculpa, estava distraído!<disse o homem no qual eu não direcionei o olhar>

-Esta tudo bem!<coloquei a mão na testa, pois senti uma forte tontura mediante a minha fraqueza>

-Você tem certeza que esta bem?<disse o outro homem que estava com ele tocando em meu braço>

-Estou!<disse retirando o meu braço da sua mão rapidamente>

-Aqui estão as suas coisas!<disse depois de recolhê-las do chão>

-Obrigada!<disse pegando a sacola das suas mãos e dando um passo para trás, me escorando na parede, eu estava muito tonta>



-Você não parece estar nada bem moça!<segurou com uma mão em meu braço, e a outra em minha cintura>

-Por favor, não me segura!<disse me afastando>

 Ele insistia em me ajudar, eu sei que era de bom grado, mas e se o Tony tivesse me vigiando, acho que ele e capaz de me matar se souber que outro homem segurou em minha cintura.

-Bruno solta ela!

-Mas ela pode cair Phil, ela não parece estar bem!

-Eu estou melhor moço, pode me soltar!... Por favor, eu estou bem!<disse olhando para os lados>



Pela primeira vez levantei o olhar e vi o rosto do homem que estava me ajudando de tão bom grado, e que pelo que entendi se chamava Bruno. Era um rapaz bem apessoado, os dois na realidade, ele tinha os olhos lindos, amendoados de pele morena, e com um sorriso encantador. Assim que reparei nos seus olhos, senti o meu celular vibrar dentro da bolsa, coloquei a mão por cima da mesma e simplesmente segui em direção do carro, parei no meio do caminho, olhei para trás e eles estavam me encarando com a expressão de quem estavam completamente confusos.



-Obrigada!<me virei e continuei o meu caminho ate o carro>