segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O primeiro olhar... Cap-03


Acordei no dia seguinte, com o meu celular despertando bem baixinho, o Tony odiava ser acordado com barulho muito alto, e eu aprendi isso da pior maneira, e para que não acontecesse mais, eu tive que me adaptar a acordar com o mínimo de barulho possível.

Me levantei calmamente para não acordá-lo, e segui para o banheiro. Depois de um banho rápido, me troquei e antes de sair do quarto, tinha que acordá-lo para que fosse se arrumando enquanto eu procurava algo para que ele tomasse café.

-Tony... Tony acorda amor, já esta na hora!<disse me sentando ao seu lado na cama>

-Ta, eu já acordei!<se virou>... Na realidade já estou acordado desde a hora que você levantou, parece um animal se mexendo na cama, não tem nem como dormir com você do lado!

-Desculpa, eu tentei fazer o mínimo de barulho...

-Ta não me interessa, a merda já foi feita!<me olhou como se quisesse me comer viva>



-O que eu vou fazer para tomar café?

-Eu que sei?... Você que e a mulher da casa, vai lá embaixo e se vira!<disse indo para o banheiro>

-Posso ir à padaria comprar algo?

-E lógico que não!    

-Mas então...

-Eu vou tomar café na rua!... E você quando for fazer as comprar faça algo e coma!

-Mas...

-MAS O QUE GABRIELLA?... Será que eu não posso nem tomar o meu banho em paz?

-Desculpe!

Me levantei e comecei a arrumar a cama, e separar a sua roupa que ele se arrumasse. Depois de tudo pronto desci para a cozinha, na tentativa de arrumar algo para que eu comesse ate a hora de ir ao mercado. Estava olhando a dispensa, e não tinha nada que eu pudesse comer, e como não tinha jantado, e nem comido nada antes de dormir, eu já estava me sentindo um pouco fraca.

-Aqui está o celular, e as chaves do carro, ate por que eu não quero que você venha de táxi!... No carro tem combustível o suficiente para você ir e voltar do mercado, sem mais delongas!

-Tudo bem!... Eu não tenho lugar nenhum para ir...

-E mesmo se tivesse não iria!... Você só vai ao marcado, na hora em que eu ligar deixando você ir!... Neste e o cartão tem quinhentos dólares, acho que e o suficiente para você comprar tudo!

-Da sim Tony, e o suficiente!

-Te quero em casa na hora em que eu marcar!... E quando eu chegar,quero o jantar pronto!

-Claro Tony!<disse meio desanimada>

-Que desanimo e este?... Você deveria estar feliz, eu estou deixando você sair sozinha, e de carro!... O que você quer mais?<disse me encarando friamente com um leve sorriso nos lábios>

-Nada, eu não quero mais nada!

-Então sorria e me chame de amor como sempre, por que hoje eu estou muito bonzinho!

-Eu sei meu amor!<sorri tentando ser natural>



-Ate mais tarde!<me deu um beijo rápido>

Quando ele saia de casa, confesso que ficava bem mais aliviada, só assim eu saberia que poderia passar o dia inteiro sem levar um tapa se quer.

Peguei o celular e tentei fazer uma ligação, eu sei que ele me proibiu, mas eu tinha que falar com alguém, eu estava prestes a explodir de angustia, e estava morrendo de saudades da minha família, afinal não era todos os meses que ele deixava que eu ligasse para os meus pais. Disquei os números que eu me lembrava, mas estava dando que o eu não tinha créditos para fazer ligação, ele tinha me dado o celular com um chip pré-pago, e sem créditos, obvio que ele não iria me dar este mole, e para completar o chip não fazia ligações a cobrar internacional, resumindo, eu continuava presa mesmo com celular.

Apaguei as minhas tentativas de ligação, e fui fazer a única coisa que poderia fazer neste momento, arrumar a casa. As horas se passavam, já era mais de duas da tarde e ele não me ligava, eu estava ficando cada minuto mais fraca devido a fome que sentia, dei mais uma olhada pela cozinha, e não achei nada para se comer, decidi tomar um banho e esperar a sua ligação já arrumada. Depois de passar algum tempo tentando escolher algo para vestir, já que ele não me dava mais roupas, e nem me deixava comprar para repor as que ele mesmo rasgou, e quando comprava era sempre com um estilo retro, como ele dizia, mas para mim, e era de velha mesmo. Ele queria me vestir de uma forma, que ninguém olhasse para mim, e ele estava conseguindo. Como não tinha muita maquiagem fiz só uma coisa muito básica, e ainda tinha que me virar para escolher os hematomas no meu rosto, e nos meus olhos, era praticamente impossível sair de casa sem óculos escuros.



Depois de arrumada, eu me sentei na sala e fiquei assistindo TV, me distrai com um filme bobo para tentar disfarçar o desconforto causado pelo estomago vazio.

Peguei o celular para ver a hora, constatei que já passava das três e meia, respirei fundo e fui colocar o celular no lugar, mas levei um susto ao senti-lo vibrar na minha mão.

-Oi amor!<já atendi ao telefone desligando a TV, e pegando as chaves do carro>

-Você tem exatamente duas horas para fazer compras, contando de agora, te quero cinco e meia dentro de casa, chegarei as seis e quero o meu jantar pronto!<disse rispidamente>

-Tudo bem, pode deixar!<disse já entrando no carro>

Ele como sempre desligou na minha cara. Me ajeitei no banco do motorista, já fazia um tempo que não dirigia, foram poucas as vezes que peguei no carro aqui em Los Angeles, mas como ele sempre ia comigo no mercado, eu já sabia o caminho, e em menos de dez minutos já estava no estacionamento do mercado. Para o meu azar ele estava completamente lotado, eu jamais conseguiria sair dali em menos de duas horas, parecia que ele tinha feito de propósito. Senti o meu estomago doer muito forte, estava realmente faminta, eu precisava comer algo urgentemente, ates que desmaiasse. Entrei no mercado e comecei a fazer as compras, procurei pegar tudo o que ele gostava primeiro, não queria ter motivos para apanhar hoje em relação a isso. Depois de mais ou menos uma hora enfrentando filas no interior do mercado, eu fui para o caixa, senti o meu celular vibrar, e logicamente só poderia ser ele.

-Oi amor!

-Que barulheira e esta?

-O mercado esta muito cheio, eu já estou a uns dez minutos no caixa, e ainda tem umas 5 pessoas na minha frente!

-Eu não quero saber, quero chegar em casa e encontrar o meu jantar pronto!

-Vai estar eu...

Já estava acostumada a ele bater o telefone na minha cara, sempre que tinha esta possibilidade ele fazia. Depois de mais ou menos uns trinta minutos, enfim estava passando as minhas compras, pelas minhas contas, eu tinha dez minutos para chegar em casa, e começar a fazer o jantar.

A moça do caixa pareceu ter notado a minha pressa, e até que passou tudo bem rapidinho, enquanto um jovem empacotava e acomodava tudo em um carrinho. Depois de tudo pago, peguei a ultima sacola de papel no braço, e comecei a seguir o rapaz que conduzia o meu carrinho ate o meu carro.


Estava completamente distraída de cabeça baixa, acabei esbarrando feio em alguém, e acabei derrubando a sacola de minhas mãos.

-Me desculpa, estava distraído!<disse o homem no qual eu não direcionei o olhar>

-Esta tudo bem!<coloquei a mão na testa, pois senti uma forte tontura mediante a minha fraqueza>

-Você tem certeza que esta bem?<disse o outro homem que estava com ele tocando em meu braço>

-Estou!<disse retirando o meu braço da sua mão rapidamente>

-Aqui estão as suas coisas!<disse depois de recolhê-las do chão>

-Obrigada!<disse pegando a sacola das suas mãos e dando um passo para trás, me escorando na parede, eu estava muito tonta>



-Você não parece estar nada bem moça!<segurou com uma mão em meu braço, e a outra em minha cintura>

-Por favor, não me segura!<disse me afastando>

 Ele insistia em me ajudar, eu sei que era de bom grado, mas e se o Tony tivesse me vigiando, acho que ele e capaz de me matar se souber que outro homem segurou em minha cintura.

-Bruno solta ela!

-Mas ela pode cair Phil, ela não parece estar bem!

-Eu estou melhor moço, pode me soltar!... Por favor, eu estou bem!<disse olhando para os lados>



Pela primeira vez levantei o olhar e vi o rosto do homem que estava me ajudando de tão bom grado, e que pelo que entendi se chamava Bruno. Era um rapaz bem apessoado, os dois na realidade, ele tinha os olhos lindos, amendoados de pele morena, e com um sorriso encantador. Assim que reparei nos seus olhos, senti o meu celular vibrar dentro da bolsa, coloquei a mão por cima da mesma e simplesmente segui em direção do carro, parei no meio do caminho, olhei para trás e eles estavam me encarando com a expressão de quem estavam completamente confusos.



-Obrigada!<me virei e continuei o meu caminho ate o carro>

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