<Gabby>
Entrei em casa
praticamente correndo retirando todas as compras de dentro do carro, as
acomodando na cozinha, e mesmo antes de guardar tudo na dispensa, já comecei a
preparar o jantar. Senti que poderia desmaiar a qualquer momento, estava com o
estômago completamente vazio, me sentindo muito fraca. Enquanto terminava de
colocar o jantar para cozinhar, fiz um sanduíche, acompanhado de um copo de
suco de laranja, sentia como se fizesse sei la, semanas que não me alimentava.
Encostada na bancada
da cozinha, olhei pela janela que dava praticamente dentro do quintal da
Eleonora, e constatei uma movimentação estranha, incomum na realidade, parecia
que ela iria dar um festa, pois estavam decorando o quintal, e pareciam estar
fazendo testes de som, já senti que a noite será longa, o Tony odeia barulho
durante a noite.
Alguns minutos depois
com o jantar já bem adiantado, e eu um pouco mais recomposta por ter comido um
lanche, ouço a porta da frente se abrir, sinto uma certa apreensão pois o
jantar ainda não está pronto, e eu não sei qual será a sua reação a isso. Sinto
seu perfume invadir a casa, acho que e uma das únicas coisas boas que ainda restaram
dele, o seu cheiro.
-Cadê as coisas?... O celular, as chaves do
carro, e o cartão?
-Esta tudo na
bancada!... Como foi o seu dia?<me virei para ele>
-A mesma merda, só me estressei hoje!... Vou
subir tomar um banho, e quando voltar espero que a comida esteja
pronta!<disse e saiu>
-E eu já estou melhor
caso queira saber<disse para mim mesma já que ele nunca perguntava>
-Para de lerdeza Bruno, você está fazendo é corpo mole!<ouvi uma voz vindo da casa da Eleonora>
Bruno... Bruno... Sim acho que este era o nome
do rapaz que me ajudou no mercado, sorri ao me lembrar dos seus olhos
amendoados, da sua pele morena, e do seu perfume deliciosamente incrível, ele
era realmente um homem lindo de traços marcantes e de um braço com mãos fortes,
só de lembrar sinto um frio na barriga, não queria nem imaginar se o Tony visse
a forma com que ele me segurou, acho que ele me mataria. Decidi dispersar estes
pensamentos e cuidar o jantar, não quero ser surpreendida negativamente por
ele.
Depois de alguns
minutos, o jantar já estava pronto, estava terminando de colocar a mesa quando
o Tony desceu, parecia muito aborrecido, e eu não gostava nada disso.
-Puta que pariu, já vi
que não vou conseguir ter paz esta noite!
-O que houve amor?
-Você e surda, ou está se fazendo de
idiota?... Não esta ouvindo esta barulheira infernal que estes infelizes estão
fazendo?
-Sim!... Mas eu não
acredito que irão ate tarde...
-Por que você tem
tanta convicção disso, andou ciscando no quintal do vizinho sua galinha?
-Não Tony, eu só
comentei...
-Acho bom mesmo, se
não você já sabe!<espalmou a sua mão na frente do meu rosto>... Agora
anda, coloca o meu jantar, que eu ainda vou trabalhar antes de dormir!
-Já estou colocando...
-Vou ver se consigo
trabalhar, com este bando de desocupados fazendo está barulheira infernal!
Servi o nosso jantar, pois mesmo tendo feito
um lanche, eu fiquei muitas horas sem me alimentar, e mesmo não estando com
muita fome, decidi comer ao menos um pouco.
Nos sentamos a mesa,
para jantar, ele não disse uma só palavra, era sempre assim ultimamente ele só
abria a boca para fazer grosserias, ser inconveniente e me tratar mau, as suas
mãos só me tocavam com agressividade, e o meu amor por ele. Bom... Este morria
cada dia um pouco mais.
Ao termino do jantar
ele se retirou, disse que iria para o escritório trabalhar, eu fiquei na
cozinha para terminar de guardar as compras, e lavar a louça do jantar. Estava
distraída, e até cantarolando algumas músicas que poderia se ouvir da casa da
Eleonora, parece que as suas visitas eram bem animadas, ouvi algo sobre
descansar da turnê, eu sabia que o marido dela era músico, e ela já tinha me
dito que ele estava viajando para tocar, por isso quase não ficava em casa.
Estava quase
terminando de arrumar a cozinha quando ouvi o Tony me gritar do escritório, ele
disse que estava com muita dor de cabeça.
-Pega um remédio pra
dor!... A minha cabeça vai explodir!
-Você quer beber com
água, ou quer que...
-Lógico que e com água
sua inútil, quer que eu tome o remédio como, com saliva?
-Eu só iria perguntar
se você quer um suco...
-Eu só quero a porcaria do remédio!... E que este bando de infelizes calem a boca!
-Aqui está o seu remédio!<disse assim que voltei>
-Se eles não parrem com esta barulheira eu vou até lá!
-Aqui está o seu remédio!<disse assim que voltei>
-Se eles não parrem com esta barulheira eu vou até lá!
-Não faça isso
Tony!... Eu acho...
-Não estou perguntando
o que você acha, eu estou dizendo o que vou fazer!... Agora sai da minha
frente, tenho que trabalhar para te sustentar!
-Claro, qualquer coisa
e só me chamar!
-E lógico que te
chamarei, idiota!
Sai do escritório e
segui para a sala, me sentei no sofá, peguei um livro e tentei me concentrar,
estava tensa pois as horas passavam, e a musica não parava ou se quer diminuía,
estava vendo a hora do Tony sair daquele escritório, e ir reclamar com do
barulho na casa da Eleonora.
Pouco mais de duas
horas já haviam se passado, eu já tinha lido, já tinha tomado o meu banho, me
trocado colocando um pijama e um hobby por cima, estava sentada vendo TV, estava
esperando que terminasse de trabalhar, pois ele não gosta que eu durma antes
dele.
-BANDO DE DESGRAÇADOS,
AGORA ELES VÃO VER UMA COISA!<esbravejou passando por mim na sala>
Me assustei com o
elevar da sua voz e a velocidade com que ele passou por mim, e bateu com a
porta em seguida. Eu sabia do que ele era capaz, e tinha medo que ele fizesse
alguma besteira, então mesmo sem me trocar fui atrás dele.
-EI VOCÊ!... É VOCÊ MESMO QUANDO É QUE VOCÊS VÃO ACABAR COM ESTA BALBÚRDIA, EU NÃO SOU DESOCUPADO
COMO VOCÊS, EU PRECISO TRABALHAR!
-Desculpe amigo, mas
pelo que me consta eu estou na minha casa!<disse o marido da Eleonora
pacificamente>
-E EU NA MINHA
TENTANDO TRABALHAR, E NÃO CONSIGO POR CULPA DA ALGAZARRA DE VOCÊS!
-Será que haveria a
possibilidade do senhor se acalmar?... Somos todos civilizados aqui eu acho!
Aquele homem era ele,
o rapaz de olhos amendoados, ele estava aqui. Eu não teria tempo para tentar
pensar nisso, só queria que ele não me reconhecesse.
-Calma amor, talvez se
você se...
- E O QUE VOCÊ ESTA
FAZENDO AQUI FORA?<disse me cortando>... EU NÃO TE MANDEI SAIR DE CASA,
AINDA MAIS NESTES TRAJES!
É ele estava prestes a
explodir, eu conheço o meu marido, ele estava alterado, e extremamente
estressado. Eu estava com medo de dar uma resposta e ele se descontrolar de
vez. “Droga, porque isso tem que acontecer comigo?” “O que eu vou fazer?”
Pensei, mas não há tempo de pensar em nada agora!
-Gabriela sai daqui
antes...
-Você?... Está melhor?<o rapaz me encarou>
-Se ela está melhor?... Que historia e esta?<me encarou seriamente, vi fogo em seus
olhos>
-Amor ... Deixa...
Deixa te explicar... Não e nada disso que você está...
-CALA ABOCA SUA
VADIA!... FOI SÓ EU DEIXAR VOCÊ SAIR UMA VEZ, E JÁ FICA SE OFERECENDO PRA
QUALQUER UM?<elevou a mão na altura do meu rosto>
E assim como eu
imaginei, ele se exaltou, e eu não duvidaria que ele fosse capaz de me bater na
frente de todos “Pronto, tudo o que eu menos queria, será que eu realmente
mereço isso?” pensei.
-QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA LEVANTAR A MÃO UMA MULHER?
O rapaz do mercado,
que pelo que me lembro se chamava Bruno, segurava o braço do Tony com uma certa
força, o que fez com que eu não levasse este tapa, agora.
-QUEM VOCÊ PENSA QUE É?... ELA É A MINHA MULHER, E NÃO SUA...
-SEM DUVIDAS, ATÉ POR
QUE SE FOSSE MINHA MULHER, EU NÃO A TRATARIA COMO UM LIXO COMO VOCÊ ESTA
FAZENDO, SEU IDIOTA!<largou o braço dele>
-IDIOTA?... E
REALMENTE ACHO QUE SOU UM IDIOTA!... VOCÊ ESTÁ SAINDO COM ELA NÃO ESTÁ?... VOCÊ ESTÁ SAINDO COM ESTA VAGABUNDA?
-VOCÊ É LOUCO EU A
CONHECI NO MERCADO, ELA ESTAVA PASSANDO MAL, EU SÓ FUI AJUDA-LA...
Vi o Tony partir pra
cima do rapaz com um soco que por sorte não foi muito bem colocado, senti o meu
corpo não responder a vontade de ir segura-lo, eu só conseguia chorar no
momento, mas mesmo lutando contra o meu corpo eu consegui segurar o seu braço
no mesmo momento em que o Bruno revidou o soco, muito bem colocado por sinal,
deixando o Tony tonto e caindo sobre mim.
Imediatamente vi
vários homens os segurando, enquanto a Eleonora me ajudava a levantar do chão,
eles ainda trocavam algumas ofensas, e eu só conseguia pedir para que parassem.
Dois dos rapazes que seguravam o Tony, praticamente o arrastou para dentro de
casa, eu olhei para o rapaz que me encarou seriamente, ele tinha um semblante
de pena, parecia que ele realmente se preocupou comigo, mas por que? Ele me
conhece a apenas algumas horas, na realidade nem me conhece, apenas me viu. Ele
esboçou um breve sorriso, e eu arregalei os olhos e ouvi a Eleonora me chamar,
entrei e fui cuidar do Tony, pedindo para que a sua fúria não voltasse para
cima de mim, mas infelizmente eu sei que se voltara.
Entrei em casa e ele
enfrentava os rapazes que nada tinham a vez com tudo o que estava acontecendo,
eles trocaram algumas ofensas, os rapazes o chamaram de louco e ele os expulsou
de casa.
-Nos estaremos aqui, e
se você encostar nela... <um dos rapazes se pronunciou>
-O que vocês vão
fazer?... Vão me bater?
-Nos vamos chamar a
policia!
-Estou morrendo de
medo!<foi irônico>
-Obrigada
Eleonora!<disse baixinho enquanto ela me abraçava>
Eles saíram e eu
fiquei ali olhando para a porta, eu estava com medo de encará-lo, estava com
medo de apanhar, ou já estava preparando o meu corpo e o meu espírito para
tal. Sei que o rapaz não fez por mal, e que não era a sua intenção me
prejudicar, mas agora eu sei que estou perdida.
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